segunda-feira, 31 de março de 2008

Meu corpo

Pés e mãos que são galhos, nos quais me embaralho,
buscando emoção.
Pernas para a corrida, que de tão dolorida,
já não tem mais razão.
As costas reagem ao toque, sentindo um choque
que arrepia a noção.
Cabeça, pensando no vento e um olhar sempre atento,
confundindo a direção.
Um peito em que fica guardado um coração acelerado
que não sabe dizer "não"...
A alma, comprimida, parecendo entorpecida,
esgueira-se por um vão.
Meu corpo e suas partes, buscando em si a arte
de tornarem-se junção.

sexta-feira, 28 de março de 2008

Ai destino, não maltrata assim...
Hoje a dor no peito, só lembra o prazer que você me trouxe.
Destina-me, minha estrada, que eu ainda vou me perder nessas suas voltas.

Meu coração da cor dos rubros vinhos
Rasga a mortalha do meu peito brando
E vai fugindo, e tonto vai andando
A perder-se nas brumas dos caminhos.

Meu coração o místico profeta,
O paladino audaz da desventura,
Que sonha ser um santo e um poeta,
Vai procurar o Paço da Ventura…

Meu coração não chega lá decerto…
Não conhece o caminho nem o trilho,
Nem há memória desse sítio incerto…

Eu tecerei uns sonhos irreais…
Como essa mãe que viu partir o filho,
Como esse filho que não voltou mais!


Florbela Espanca - Trocando olhares - 23/04/1917

quarta-feira, 26 de março de 2008

Esperando sozinha

Espero agora alguma coisa que já não sei o que é, por que ninguém vai chegar.
Acho que estou esperando meu passado me resgatar, colocar-me nos ombros e levar-me para nosso futuro. Será que ele vem?
Que foi que eu fiz? Não sei.
Sei que dói, sinto a dor. Está aqui e não ficou com o que foi.
Estou aqui, preparando as coisas para receber o que não vai chegar, doendo... Será que ele vem? Não diga que não! Mesmo que alguém saiba, eu não posso saber.
A incerteza das coisas é o que me faz crescer!

segunda-feira, 24 de março de 2008

Segunda segunda

Cinco e meia da manhã, o sol não nasceu.
"Levanta! Que você ainda não sabe para onde vai..."
Um case inteiro de CDs e todos os outros entretenimentos que me cabem.
Seis e vinte, chegando cedo demais. Tomando café na padoca.

Texto escrito no guardanapo da padoca:

"Estou em alguma padaria, em alguma parte da Freguezia do Ó. Eu não sei nada sobre a Freguezia do Ó, senão diria exatamente onde estou. Mas estou aqui.
Pedi um pingado e um pão na chapa que me fez lembrar do meu avô. Do pingado e do pão na chapa que eu comi no amanhecer de seu velório. Um velório longuíssimo de mais de 12 horas. Aliás, não sei se é longuíssimo por que foi o único velório em que estive. Lembrei do rapaz. Ele também toma pingado e come pão na chapa. Teria me acompanhado até a padaria se estivesse comigo no velório. Mas eu não o conhecia.
Derrubei meu pingado na mesa, na bolsa, no chão, no pé...
Sinto agora o pé ardendo e, quem sabe, em breve, ele começa a grudar também.
Deram-me outro pingado, limparam a mesa, queriam limpar meu pé, eu disse que não precisava. Alguma coisa tem que ser difícil, deixa o pé grudar..."

Seis e cinquenta, na esperança de pegar uma boa alma que chega mais cedo que o normal.
Sete e meia, esperando que alguma boa alma atenda o telefone.
Oito horas, esperando que o mundo inteiro se acabe.
Ouvi três CDs, fiz maquiagem, tirei a maquiagem, tirei fotos de coisa nenhuma, fui comprar água, dei volta no quarteirão...

Texto escrito no papel amassado que estava no lixo do carro:

"Os filhos da p* mentiram para mim, ou estão de brincadeira, ou alguma coisa muito estranha está rolando. Disseram que haveria alguém me esperando às sete horas. Que tudo aconteceria nessa hora. Agora são oito e não há ninguém. E nenhum telefone atende. Aonde foram todos?C*!"

Oito e quarenta, uma boa alma que chega mais cedo que o normal.
"Oi, por favor, minha segunda tá um lixo, será que etc, etc...?"
Dez horas, a notícia, não precisava ter acordado, ia dar tudo errado de qualquer jeito. Mais uma vez.

Segunda-feira, duas vezes eleito o dia mais escroto da semana.

domingo, 23 de março de 2008

Vinte e três

Vivo a vida na inacabável pressa de ser e estar e é justamente essa pressa que vem me atrasando os passos.
Quero pisar em solo seguro, mas não cuido por onde ando. Quero dizer o que penso, mas não penso no que estou falando.
São mesmo meus poucos anos. Minha vontade de ser senhora, sendo ainda, menina. Meu medo de perder a festa, minha festa que faz eu ir perdendo a vida.
São meus poucos anos que me fazem ter pressa de viver mais do que vivi, que me fazem dizer ter aprendido mais do que, de fato, aprendi.
É por isso que nego-me nessas críticas, que dou de ombros aos que realmente viveram. É por isso que procuro meu futuro no passado de alguém, sem entender que o passado é só o que vem primeiro.
Desculpe, não pense que eu entendi. Eu não entendo, não posso entender. As minhas compreensões só chegam até vinte três, depois disso é tudo suposição, é inquietação, é encenação. Sou eu, tendo pressa de entender o que ainda não vi.
E são em dias como esse, em que o dia é apenas dia, que eu tenho um lapso de estima e entendo como seria simples viver um dia de cada vez.
Mas não pense que dura muito, no dia seguinte eu volto à minha vida, e eu volto a ter vinte e três.

"Por você, eu aceitaria a vida como ela é, viajaria a prazo pro inferno, tomaria banho gelado no inverno..." - Cazuza

Entrei em transe

Entrei em transe,
Cortei os pulsos.
Eu vi o sangue,
Tomei um susto.
Curou meu soluço.
Sequei as lágrimas,
Ardeu-me a face
Virei a página.
"Absoluto-me"!

sábado, 22 de março de 2008

Subitâneo

Hoje me bateu um súbito medo, uma súbita dúvida, uma súbita solidão.
Foi por um instante. Eu duvidei que fosse certo, tudo, mesmo sabendo que não poderia ser diferente.
Doeu no meu peito a vontade súbita de mudar de planos, de jogar-me no chão. Mas eu disse não, por que prometi que diria.
Faltaram-me as palavras que sempre usei e confundiram-se os pensamentos que outro dia, pareciam-me tão claros como nunca antes.
Quase desisti de meu propósito, quase dei de prêmio, meu coração. Mas não.
Pus-me fincada em pé, como prometi que ficaria. Fechei os olhos à dor, pois essa dor perdida, nunca soube me guiar. Abri os braços às chances todas, mas não me mexi.
Não vou me mexer. Até saber que não me finquei em solo movediço. Até ser claro que eu não estou sozinha. Até alguém vir aqui me arrancar desse súbito medo.
Até que enfim acabe, essa súbita solidão.
Sou um espantalho com coração.

"And all I can do is just pour some tea for two
and speak my point of view
But it's not sane, It's not sane
I just want some one to say to me
I'll always be there when you wake
Ya know I'd like to keep my cheeks dry today
So stay with me and I'll have it made"


No Rain - Blind Melon
A verdade está dentro de quem sonha, pelo que sonha, e só se tornará nítida quando, nem palavras, nem opiniões, puderem alcançá-la.
Só se tornará conhecida, quando as definições todas, não puderem definí-la.
Só se tornará real, quando não importar nada mais, além de sua existência que é verdadeiramente, única.

Chuva na ladeira

A consulta foi adiantada para as 14h30. Tudo bem.
Acordei mais cedo e fui encarar a loucura que seria aquele dia de trabalho.
Às 14h, meu carro não dava a partida. Fui de táxi.
Às 16h eu ainda não tinha sido atendida, e as loucuras do dia continuavam rolando fora daquela sala de espera.Impus-me não estar com pressa.
Li uma reportagem de 6 páginas sobre suicídios apoiados pela internet.
Quando finalmente tive minha consulta de 5 minutos para ouvir "legal, volte daqui 2 meses", a chuva começou a cair.
Não uma chuva, mas uma baita chuva.
E então o celular tocou e era para eu estar na Freguezia do Ó em 1 hora. Naquela baita chuva, às 17h. Eu dei um jeito, não tinha como ir.
Tinham dado um jeito no meu carro também, uma chupeta, umas razões. Pelo menos podia voltar de carro para casa naquela chuva.
Mas teve um instante, enquanto eu voltava, em uma subida, que era uma esquina, na qual só passava um carro, e a chuva havia transformado a valeta em uma cachoeira, e meu carro tinha me decepcionado fazia menos de 4 horas, e meu celular tocou naquele mesmo instante, e era o meu chefe, depois daquele dia louco de trabalho... Que eu vi a minha vida inteira aos pedaços.
Troquei a bateria do carro, por via das dúvidas.



A ÁGUA da chuva desce a ladeira.
É uma água ansiosa.
Faz lagos e rios pequenos, e cheira
A terra a ditosa.

Há muitos que contam a dor e o pranto
De o amor os não qu'rer...
Mas eu, que também não os tenho, o que canto
É outra coisa qualquer.

Fernando Pessoa

sexta-feira, 21 de março de 2008

Feriado

Suspendam tudo. Hoje é feriado, não se pode fazer nada.
Suspendam os trabalhos e as lutas. Suspendam seus motivos.
Cessem as perguntas, esqueçam as dúvidas, parem os devaneios.
Suspendam o que quer que queiram fazer.
Não se pode pensar, nem tramar, nem falar, ou agir.
Não se pode escrever, nem cantar, nem tocar, nem mentir.
Não se permitam querer se movimentar.
Não esperem, não desistam, não se pode fazer nada.
Não comam, não julguem, não blasfemem, nem confiem.
Suspendam suas crenças.
Cresçam!
Acabem com as dores, parem tudo. Só hoje, que é feriado.

quinta-feira, 20 de março de 2008

Boa noite

Fecho os olhos, já é sempre tarde da noite. Por algum motivo que desconheço, ouço seus passos vindo tentar descobrir meus pensamentos.
Eu penso em você. E por algum motivo que ignoro sei que você está pensando em mim neste mesmo momento.
Sim, a loucura do dia pausou. Nós a pausamos, para criar a chance de nos encontrarmos aqui, neste pensamento.
Pensamento inocente, sem pretensão. Um pensamento de admiração.
Eu já não falo nada por que decidi, você, por que, por algum motivo que abomino, acha melhor. E é nesse silêncio que nos encontramos tarde da noite, para não dizer que faz falta, para não dizer o que foi.
E a cada noite que o seu pensamento vem me acordar, chamando-me para pensar em nós com você, eu descubro que nossas almas estão, de fato, ligadas. Se não por amor, por algum motivo que não vale a pena tentar entender.
Saiba então, que eu estou lhe desejando boa noite quando nossos pensamentos se encontrarem outra vez. Que essa mágica das almas me impressiona e, caso você tenha se distraído, está aqui para se ler.
Não quero saber se é verdade, por que sei que se é o que o silêncio grita, é só em silêncio que poderemos entender.


Tarde da noite...

Miss Terious e Miss Take - Para onde?

- O que nós vamos fazer hoje?
- O que você quiser...
- Mas o que? Beber, comer, dançar, assistir alguma coisa...
- Tanto faz, eu gostaria de fazer qualquer coisa.
- Então escolhe.
- Pode escolher.
- Não sei.
- Eu também não.
(...)
- Meu, qualquer lugar...
- Então escolhe!
- Você quer o que? Comer, beber...
- Isso foi o que eu te perguntei!
- Ah, meu! Então tá, vamos comer.
- Mas eu não tô com fome.
- Então escolhe o que você quer fazer!!
- Eu não sei!!!
- Então tá, então eu vou parar aqui e a gente compra uma cerveja e decide.
- Vai parar aqui?
- Aonde você quer parar?
- Pode ser ali na frente.
- Fechou.
(...)
- Para onde nós vamos?
- Pede uma cerveja, depois a gente vê isso.
- Tá bom.
- Aliás, pede alguma coisa para comer também que eu tô com fome.
- O que você quer comer?
- Deixa eu ver...
- Mas pede alguma coisa que eu possa comer também.
- Você disse que não estava com fome!
- Ah, mas agora que a gente vai beber...
- Vou matar você...
- Cadê a cerveja, pô, não tão vendo que a gente tá com pressa?
- A gente tá com pressa?
- Lógico, aonde a gente vai?
- A gente não sabe. Não estamos com pressa.
- Ah então tá. Oi, moço, cadê a cerveja?
(...)
- Um brinde!
- A que?
- A nossa balada de hoje.
- Qual vai ser?
- Já foi, bebe aí!

*Homenagem a duas meninas que nunca sabem para onde vão, mas estão sempre em algum lugar, e aos velhos tempos que por serem velhos, são mais legais! *

quarta-feira, 19 de março de 2008

Ex-casa

Montei a casa. Não se pode montar a casa sem ter a mãos todos os móveis, os utensílios, os eletrônicos e as pessoas. Então eu demorei um pouco para montá-la, mas finalizei em tempo. Em tempo de iniciar a vidinha dos meus bonecos. Em tempos de iniciar os dramas, as festas, as brigas, o medo. Montei uma história. Cheia de começos e fins no meio. Cheia de razões ignorantes. Cheia de soluções problemáticas. E foi por gostar de brincar de tramas que me enrosquei na minha própria história. Já nem sabia por que portas saia dos quartos escuros que me coloquei. Eu havia montado aquelas portas, fui eu quem as abriu pela primeira vez. Já nem as conhecia. Não me lembrava mais do trabalho que havia dado encontrar todos os móveis, utensílios, eletrônicos e as pessoas. Encontrar todas as peças. De repente era como se todas aquelas peças estivessem ali o tempo todo, apertadas umas as outras. Minha brincadeira foi séria demais. Meus dramas, entusiasmados demais. Minhas festas, omissas demais. Minhas brigas, ajustadas demais. E meus medos ficaram corajosos demais. Desmontei minha casa. Não quero mais brincar.

terça-feira, 18 de março de 2008

Dancei

Hoje eu dancei uma música. Eu não danço, mas dancei essa música por que queria chacoalhar o esqueleto, como dizem.
Por que meu esqueleto tem a péssima mania de querer ficar encolhido em situações como essa. E hoje eu disse, não, abre a cortina que está rolando um solzinho e vamos dançar.
Quanto mais ridículo parece, melhor você se sente.
Dance, o mundo vai acabar, mas a culpa não vai ser sua, nem minha. Muito menos minha, rá! Ou vai ser de todo mundo...
Eu dancei, vou continuar dançando, e não vai ser tão ruim assim. Eu só sei dançar sozinha de qualquer jeito.
Só mais uma manhã, levante-se, que o show não pode parar.

Eu amo tudo que foi,
Tudo que já não é
A dor que já não me dói
A antiga e errônea fé
O ontem que dor deixou
O que deixou alegria
Só por que foi e voou
E hoje já é outro dia

Fernando Pessoa

segunda-feira, 17 de março de 2008

Meu surto

Chorei por não lhe querer mais
E por lhe querer ainda assim
Pedi para não lhe ver mais
Mas quis lhe ouvir mesmo assim
Joguei tudo para cima,
Soquei as paredes como você também fez
Amaldiçoei essa minha sina
De lhe odiar e de lhe amar outra vez

Doze vezes merda

Vou falar. Esse é o tipo de momento em que eu não escrevo. Por que a última vez que eu tentei escrever, escrevi merda demais. E se não fosse por uma ação divina, teria magoado gente demais. Ou magoado demais uma gente que eu amo. Perdão, mesmo sem você saber que é você e mesmo sem ninguém mais saber do que eu estou falando... Perdão de mim para a força divina e da força divina para você para a gente poder manter o anonimato.
Mas eu não escrevo... É tipo um momento de loucura, algum neurotransmissor desregulado totalmente e eu urrando e chorando lágrimas de raiva.
Vocês já viram alguém chorar de raiva? Dá medo...
Chorar de tristeza é mais legal, viu. Para quem pode escolher.
Eu não. Eu estou em um momento que não escolho. Estou com uma raiva imensa do mundo do todo, pelo simples fato de mundo ser como é. E como ele não pode ser diferente (e seria muita pretensão minha querer que fosse) eu estou jogando meus pertences contra a parede. E batendo portas, e quase apanhando....
Eu não costumo escrever nessas horas, por que eu escrevo muita merda, mas nessa ocasião em especial eu estou escrevendo por que eu já empurrei com água da torneira do banheiro cinco comprimidos guela abaixo. E agora só o que me resta é escrever.
Eu podia encher um copo de cachaça barata e tomar de guti-guti, mas não é recomendado depois dos comprimidos, então eu tenho que escrever. E eu tenho que trabalhar também, então se eu estiver só enlouquecida tem jeito, se eu estiver cheirando cachaça barata não tem jeito, talvez eu perca meu lindo cargo de confiança.
E daí imagina uma pessoa enlouquecida que perdeu o emprego, que lindo. Não, não...
E eu não consigo mais beber merda nenhuma alcoólica feito a louca que sou por que não faço mais isso. Por que me deixa tonta. Quer merda maior que essa?
Eu gritei com todo mundo hoje. Não poupei ninguém, nem pensei em poupar, estava só querendo esvaziar aqui dentro e pouco me importava quem eu ia encher.
Eu gritei sozinha também, foi bom, foi melhor do gritar com as pessoas, por que as pessoas reagem. Malditas pessoas...
Eu ia gritar aqui, mas daí resolvi poupar qualquer boa alma que passasse para ler. E, também por que quando eu escrevo assim eu só falo merda. Daí mudei de idéia e escrevi. E falei um monte de merda. Mas não publiquei.
Mas agora que eu estou fenomenalmente outofcontrol e que todas as coisas que estavam certas para essa segunda-feira foram pelo bueiro da Domingos de Moraes junto com a merda da chuva, segue abaixo o monte de merda que não merecia ser publicado

"Estou soltando fogo pelas ventas. Urrando nas escadas, batendo portas, gritando no trânsito, chorando de raiva.
Quero gritar até alguém me entender. NÃO!!!!!!!!!!!!!!!!!!
Eu estou certa!!!!!!!!!!!!!!!!!!
Chega de estar errada todas as merdas das vezes.
Mais uma vez sendo mal interpretada. Não estou gritando por você, estou gritando com você!!!!!!!
Estou com raiva de você!!!!!!
Exclamação, milhares de exclamações!!!!
Eu estou aqui, todos os dias, da semana toda, aguentando porra nenhuma. Porra nenhuma. Para acordar numa segunda chuvosa e aguentar essa merda de novo!
Não!!!!!!!!!!!!!!!
Não aguento!
Estou com raiva, sim!!!
E vou te falar: Eu aprendo!!!
DESSA VEZ NÃO PASSA!!!!!!!!!!!!!"


Agora, vejam vocês, o que é isso?
Uma pessoa enlouquecida, gritando/escrevendo e falando merda. E falando sem pensar. Como é do meu feitio.
Mas nessa segunda-feira, que é oficialmente o dia mais escroto da semana, eu vou assumir que eu sou louca (diagnosticada e com receita para o remedinho, inclusive), eu odeio toda essa merda e não quero falar mais sobre nada disso. Sobre os meus gritos de hoje e nem sobre os quase 24 anos que passaram.
Sério, vou ficar quieta (mas não vou parar de escrever, rá, nunca) por um tempão.
Eu mereço mais que uma segunda-feira começando com um surto psicótico, vai.
Mereço, mereço.
Vocês não, vocês não merecem nada!
Ótimo dia para vocês!

sexta-feira, 14 de março de 2008

Discurso

Um, dois, três, som....
Alou, alou, alou...
Eu vim aqui... Alou... Bom, eu vim aqui para falar para vocês o que eu estou pensando.
É, antes eu tivesse ficado só pensando e não tivesse vindo aqui, e não quisesse falar nada. Mas já que eu vim, eu vou falar.
Não concordo com o que vocês pensam.
Daí alguém me pergunta: "Mas como, diabos, você sabe o que a gente pensa?"
A verdade é que eu não sei realmente, mas sei que eu não concordo. Por que vocês, pessoas, só estão preocupados com vocês mesmos. Por que vocês estão esperando aí, que eu diga alguma coisa que realmente faça diferença em suas vidas.
Não! Eu não tenho nada para dizer que vá fazer diferença, eu vim aqui para falar só por falar, não para mudar a vida de ninguém. Nem a minha vida está fácil de mudar, quanto mais a de vocês.
Não concordo que eu tenha que falar algo bonito, que emocione, não! Eu não estou achando o fato de eu estar aqui bonito e nem estou emocionada. Na verdade, eu estou aqui para provar uma coisa. Eu quero provar que eu não concordo com o que vocês pensam neste momento. Eu quero provar que apesar de não saber o que vocês pensam, não tem nada a ver com o que eu penso.
Não é verdade? Não é verdade?!
Alguém concorda?
Eu sabia que não... Eu disse que sabia!
Era isso. Tchau, tchau.
*microfonia*

quinta-feira, 13 de março de 2008

Um dia desses

Ela abriu os olhos. Olhou ansiosa para o relógio. Ainda eram cinco da manhã. Fechou os olhos e depois abriu-os de novo. Nunca conseguiria dormir...
Sentou na frente do computador com a luz apagada. Não queria que ninguém soubesse que ela estava acordada as cinco da manhã. Não queria que ninguém soubesse que ela não conseguia mais dormir, que estava ansiosa, desesperada, perdida, sozinha, desolada.
Perdeu uma hora buscando coisas que não devia, entrando em sites que não podia, com acessos proibidos, imaginando impossibilidades, descobrindo a realidade.
Quando já não podia mais aguentar tudo aquilo que via na frente, levantou-se e correu para o banheiro. Abaixou-se na privada. Não tinha nada no estômago, mas desejava vomitar, sentia a ânsia. Eram as tripas, virando coração, pensou.
Levantou-se, lavou o rosto, a boca, a nuca, os punhos.
Abriu a porta do banheiro e encontrou sua mãe.
- O que foi?
- Estou passando mal.
- Eu falo para você não ficar comendo esse monte de doces...
"Se não tivesse sido mesmo tudo tão doce...", pensou, sem responder nada.
Trocou de roupa, pegou a chave do carro e saiu.
- Aonde você vai?
- Dar um volta.
Dirigiu sem rumo pelas ruas do bairro. Só não saiu do bairro por que não queria ficar no trânsito das sete horas, senão teria ido para longe, para praia, para qualquer lugar.
O fim de uma rua deu numa igreja. Parou o carro, foi até lá.
Ajoelhou-se em um dos bancos do fundo e começou a chorar, soluçar, pedindo a D'us, "por favor, paz, só paz, para mim, para todos, só paz". Ficou repetindo isso em pensamento. Quando abriu os olhos e olhou aquele corpo crucificado na frente e as suas lágrimas derramadas por si mesma, sentiu. D'us tinha mandado alguma paz.
O celular tocou:
- Filha, aonde você está?
- Estou indo para casa, mãe.
Entrou no carro e recusou-se a chorar por aquela besteira. Sentiu-se em paz por não chorar.
Voltou para casa. O dia estava só começando e não era assim que ia acabar.

Silêncio

- Estou feliz de estar aqui com você.
- ...
- Eu acordei com um pouco de cólica, um pouco de dor de cabeça e um monte de problemas no trabalho. E a felicidade de estar aqui com você.
- ...
- Não, tudo bem, não precisa falar nada, não muda o que eu estou sentindo. Talvez mude, talvez deixe-me com um pouco mais de dor de cabeça, mas é impossível provar que sim.
- ...
- A manhã chuvosa e os problemas do trabalho, tenho certeza que deixam-me com mais dor de cabeça do que você aí sem falar nada.
- *acende um cigarro*
- Eu estou feliz de estar aqui com você, eu não queria dizer por que eu sinto que você já não gosta de me ouvir falando isso, principalmente por que você não vai me falar nada parecido...
- ...
- Mas eu lembro das coisas que você me falou antes, eu acreditei, eu achava aquilo tudo também. A gente se ilude, mas parece que gosta, né? Mas por mim tudo bem. Tudo bem por que parece que cada vez que eu me iludo assim, a vida começa a ganhar mais sentido e a companhia começa a valer mais a pena.
- ...
- Sim, pode parecer que não, mas sim. Eu estou feliz de estar aqui com você, mesmo você sem falar nada. Por que eu sei que você não é de pedra, eu já deitei no seu peito e ouvi o que acontece lá dentro. Pedra não faz esse barulho. Por isso que eu estou falando... Por que eu sei que você sente qualquer coisa quando eu falo.
- ...
- Eu queria poder fumar também, eu não consigo fumar, por mais que eu considere o cigarro uma invenção genial e ache que combina muito comigo. Eu adoraria me apoiar em alguma fumaça sofisticada enquanto penso as coisas que penso.
- ...
- Eu estou feliz de estar aqui com você. E poder falar qualquer coisa que eu quiser falar. Por mais que eu não saiba exatamente o que você está pensando e isso me dê um medo desgraçado.
- ...
- Mas também não me importa muito. Não, desculpe, importa, mas não vai fazer diferença agora, não se preocupe. Não se preoucupe por que eu não estou me preocupando. O que está mais me preocupando agora, são os problemas do trabalho...
-...
- Mas eu não vou falar de novo dos problemas do trabalho. Você já tem os seus problemas do trabalho suficientes...
- *acende outro cigarro*
- Estou feliz de estar aqui com você, só queria que você soubesse, por que se algum dia você quiser dizer que está feliz de estar comigo, eu vou querer saber.
- ...
- ...

terça-feira, 11 de março de 2008

Pertencer

"Um amigo meu, médico, assegurou-me que desde o berço a criança sente o ambiente, a criança quer: nela o ser humano, no berço mesmo, já começou.
Tenho certeza de que no berço a minha primeira vontade foi a de pertencer. Por motivos que aqui não importam, eu de algum modo devia estar sentindo que não pertencia a nada e a ninguém. Nasci de graça.
Se no berço experimentei esta fome humana, ela continua a me acompanhar pela vida afora, como se fosse um destino. A ponto de meu coração se contrair de inveja e desejo quando vejo uma freira: ela pertence a Deus.
Exatamente porque é tão forte em mim a fome de me dar a algo ou a alguém, é que me tornei bastante arisca: tenho medo de revelar de quanto preciso e de como sou pobre. Sou, sim. Muito pobre. Só tenho um corpo e uma alma. E preciso de mais do que isso.
Com o tempo, sobretudo os últimos anos, perdi o jeito de ser gente. Não sei mais como se é. E uma espécie toda nova de "solidão de não pertencer" começou a me invadir como heras num muro.
Se meu desejo mais antigo é o de pertencer, por que então nunca fiz parte de clubes ou de associações? Porque não é isso que eu chamo de pertencer. O que eu queria, e não posso, é por exemplo que tudo o que me viesse de bom de dentro de mim eu pudesse dar àquilo que eu pertenço. Mesmo minhas alegrias, como são solitárias às vezes. E uma alegria solitária pode se tornar patética. É como ficar com um presente todo embrulhado em papel enfeitado de presente nas mãos - e não ter a quem dizer: tome, é seu, abra-o! Não querendo me ver em situações patéticas e, por uma espécie de contenção, evitando o tom de tragédia, raramente embrulho com papel de presente os meus sentimentos.
Pertencer não vem apenas de ser fraca e precisar unir-se a algo ou a alguém mais forte. Muitas vezes a vontade intensa de pertencer vem em mim de minha própria força - eu quero pertencer para que minha força não seja inútil e fortifique uma pessoa ou uma coisa.
Quase consigo me visualizar no berço, quase consigo reproduzir em mim a vaga e no entanto premente sensação de precisar pertencer. Por motivos que nem minha mãe nem meu pai podiam controlar, eu nasci e fiquei apenas: nascida.
(...)
A vida me fez de vez em quando pertencer, como se fosse para me dar a medida do que eu perco não pertencendo. E então eu soube: pertencer é viver. Experimentei-o com a sede de quem está no deserto e bebe sôfrego os últimos goles de água de um cantil. E depois a sede volta e é no deserto mesmo que caminho!"


Pertencer de Clarice Lispector

Quando alguém já disse exatamente o que você queria dizer...

segunda-feira, 10 de março de 2008

Mínimas formas livres

Fui que escrevi tudo isso! Tudo, tudo mesmo, menos o que eu escrevi que não fui eu que escrevi. Isso não.
Eu escrevi as histórias todas. As boas, as ruins, as humilhantes, as degradantes, as detestáveis, as emocionantes e as que não significam nada.
São as minhas palavras...
Eu queria conhecer mais palavras. Por que daí eu poderia escrever a mesma coisa um monte de vezes, de um monte de jeitos diferentes e daí eu teria certeza que de alguma forma as pessoas iam entender.
Por que eu sempre escrevo a mesma coisa. Mas parece que não passa a mensagem. As vezes não passa a mensagem...
Imagina se, por exemplo, eu conseguisse dizer que eu quero mesmo que todo mundo fique bem, feliz, alegre, contente, saltitante, satisfeito, jocoso e, por que não, lascivo, regozijante e sorridente.
Imagina se eu soubesse dizer que eu fico sim, triste de saber que as pessoas que eu amo estão meio macambúzias (que foi uma palavra que aprendi há pouco) e que eu me importo, faço caso e me interesso pelos problemas delas.
Imagina se fosse fácil para mim dizer que eu tenho um certo orgulho, uma vaidade, algo que eu confundo com dignidade, um brio, que não me deixa reconhecer, nem aceitar, nem admitir, nem ceder, nem assumir que as vezes é necessário deixar tudo isso de lado e pedir perdão pelos meus erros. Que é apenas um subterfúgio, uma escapatória, rodeio, para fingir que está tudo bem para mim.
Mas é importante conseguir dizer que resta em mim uma consciência, uma percepção, uma sapiência, o mínimo de razão, que percebe que há alguma coisa errada aqui. E que eu quero evoluir, crescer, transformar, amadurecer, ascender, melhorar e progredir, mas sei que ninguém é obrigado a ter paciência com a minha velocidade e dificuldade nesse aspecto.
Assim, pode ser que eu chore, grite, xingue, insulte, pragueje, revolte-me, enlouqueça, mas não quero ninguém sinta pena, ou dó, ou comiseração de qualquer tipo, por que a vida é assim e eu quero sentir ela de verdade, sem anestesia, sem alívio, sem conforto, sem demora... Eu já aprendi uma vez, quanto mais dói, maior é a vontade de curar, maior é o medo de doer de novo.
Eu queria ser clara, conhecer mais palavras, daí eu diria com todas as letras que coubessem que eu sei que não sei de muita coisa, mas a minha ânsia de saber é tanta que peço perdão pela minha inexperiência e agradeço imensamente a quem tiver paciência de me compreender e orientar.
Eu não conheço palavras suficientes para dizer, mas vou continuar estudando... Prometo!

Talvez

Rasgar o papel me servisse mais que escrever
Bater mais que acalmar
Gritar mais que engolir
Mas agora já escrevi. . . já bati e gritei . . .
Talvez não me sirva o que sei. . .
E repita todos os erros que aprendi,
Sanidade talvez seja uma roupa apertada,
Que a gente perde quando engrossa,
Revolta talvez seja um porre
Talvez melhore
Talvez não possa. . .


Eduardo Capello

domingo, 9 de março de 2008

Não sou conduzido, conduzo.

Verdade, minha vida e minhas piadas.
Eu disse que não sabia contar nenhuma piada? Mentira!
Vou contar da minha vida...
Eu nasci em uma família igual as outras (diferente de todas) e brinquei de todas aquelas brincadeiras: com mangueira no calor, com arminhas, correndo, com bonecas, penteando, escondendo, encontrando, rindo, caindo, rindo e chorando.
Eu inventava histórias, para eu brincar sozinha, construía casas, prédios, cidades, pedágios e pessoas. Eu era a melhor pessoa do mundo por que o mundo era meu.
Eu morava em uma cidade com nome tupi-guarani, com 193 mil habitantes e andava descalça nas ruas, e descia a ladeira de bicicleta, e ia na igreja sozinha, e comprava pirulitos de chocolate na floricultura.
A cidade que eu moro hoje tem nome de santo, que faz os milagres que acontecem por aqui, tem 11 milhões de habitantes e, só no meu bairro,120 mil. Aqui a gente conhece tanta gente que não consegue decorar os nomes, aqui a gente perde tanta gente que nem sente mais dor...
Eu cresci para ser mais uma das menininhas dessa cidade e decidi que não queria ser. Eu cresci para ter a minha vida pacata, mas quem disse que eu consigo aceitar?
Eu queria rir como eu ria antes, quando eu era a única que brincava no quintal. Mas agora estou enjoada dessa história de chorar e saber que eu só mais uma nesses milhões.
Eu sei contar... Não disse que tinha graça.

quinta-feira, 6 de março de 2008

Fotos

Eu estou ouvindo isso...
Estou ouvindo as fotos (novas fotos) do meu mural falarem alguma coisa. Elas estão rindo baixinho. É bem o que eu achei que elas fariam.
Os sorrisos largos e os olhos brilhantes... Estão todos rindo baixinho. Um riso estático.
Lembro de vocês, momentos, e também de quando vocês não me acompanhavam.
Lembro de vocês e de quem eu não conhecia. Estão todos aí, pendurados.
Um sorriso largo com a respiração presa.
É o que eu sei fazer melhor, prender a respiração e sorrir.
E cuidando para que nenhum vento encha os meus pulmões e derrube tudo aqui.
Vou ficar aqui estática olhando.
Lembro-me bem daquele sorriso, lembro-me da emoção. Ficou tudo parado.
Será esse também o meu futuro? Paralisada e até, quem sabe, jogada no chão...

quarta-feira, 5 de março de 2008

You gotta do, what you gotta do, man... That's the true!

terça-feira, 4 de março de 2008

Miss. Terious e Sir. Vival - Perda de tempo

- Sabe Vival, eu andei pensando, a gente perde muito tempo nessas nossas vidas.
- É...
- Sabe do que tô falando? Da vida toda, de todas as situações...
- Sei.
- Sabe? De você achar que, putz, está fazendo um grande bem para a humanidade quando na verdade ninguém vai se lembrar de nada.
- Sei.
- A gente vive achando que estamos fazendo um bem para humanidade com essas nossas cabeças minúsculas, quando na verdade cada um só está pensando mesmo no bem de si mesmo, como humanidade, num todo.
- Como?
- A pessoa. Tudo lindo, enquanto todo mundo está se estrepando por aí.
- Mas de quem você está falando?
- De você! De você e de mim. E de uma forma bem mais geral, de todo mundo.
- Humn...
- Por que, as vezes, nós mesmos nos estrepamos, não é?
- Ah, sim, com certeza.
- Você acha que existe alguma coisa que a gente pode fazer?
- Com relação a que?
- Como assim com relação a que?! Com relação a isso!
- Mas é que eu não entendi direito.
- E por que estava fazendo aquela cara de que estava entendendo tudo?
- Ah, é que eu achei...
- Você nem tava prestando atenção!
(...)
- Eu concordo, Terious, a gente perde mesmo muito tempo nessas nossas vidas.
- Seu escroto!
- Ah, deixa pra lá...

segunda-feira, 3 de março de 2008

Orgulho maldito!

Eu não estou acostumada a me dar bem. E daí eu parei de me colocar por aí. Dizer qualquer coisa, fazer o que dá na telha, pensar absurdos...
Eu estou acostumada a me sentir incomodada aqui e ali. E curar-me, afinal. Revirando-me, retorcendo-me.
As pessoas a minha volta não estão notando nada na minha vida, por que elas tem mesmo mais o que cuidar na delas. E eu, que as vezes paro o foco em alguma coisa sem sentido, fico fingindo que está todo mundo olhando para mim para dar mais graça ao desespero.
Se houvesse mesmo alguma coisa que eu pudesse fazer, eu faria. Se existisse palavra para descrever, eu diria. Mas não. A única coisa que acontece é a mesma coisa de sempre, com as mesmas particularidades da vida.
Eu, passando meus dias procurando um lençol limpo para proteger da poeira o que eu amo... Enquanto estouro bombas ao redor do que eu odeio.
Não aprendi a definir nada disso, mas ainda aprendo. E os que se preocupam comigo são os mesmos que fazem doer nesse peito a falta de senso e a leve noção de arrependimento.
 
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