sábado, 31 de janeiro de 2009

I know that I'm a mess he don't want to clean up

quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

Sensação

A sensação me sobe pelos pés e pelas mãos, quando chega ao peito eu respiro fundo e parte dela se vai...
Outra parte fica, se enrola no meu estômago e aperta minhas vísceras todas. Se, num momento desses, algo tocasse minha língua então meu café da manhã daria as caras de novo...
Eu molho o punho e a nuca, sento no chão do banheiro com as costas no azulejo gelado e a sensação melhora. Descobri há muitos anos que sentir frio é sempre melhor do que sentir-se mal. O corpo não registra as duas coisas ao mesmo tempo...
Sento-me na cadeira, ligo o som e começo a teclar rapidamente qualquer frase que venha à mente, considerando que qualquer começo, seja ele bom ou ruim, pode ter um fim melhor. E, de repente as coisas parecem que vão ficando distantes, as sensações todas, os pensamentos todos, as vontades... Tudo sai desse meu corpo e entra num espaço virtual, numa realidade paralela, em que eu não preciso me ocupar mais delas.
Claro que, algumas vezes, no passado, houve momentos em que criavam-se mais coisa para se ocupar depois que minhas frases saiam de mim, mas esse é o preço que se paga por desejar algo maior. Por causa de momentos como esse, finalmente descobri grande parte do que eu quero dizer e do que não quero dizer. E foi útil...
Olhando o acumulado de letras e de coisas que são só minhas e da mais ninguém (por mais que tomem como suas, os passantes, por mais que achem que é com eles, os que me conhecem, por mais que saibam...) sei como o valor dessas coisas está apenas em mim, o fato existirem também está apenas em mim... E é então que sinto-me bem e é o que basta para o acumulado de letras cumprir seu fado e a sensação sumir. Até a próxima.

quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

terça-feira, 27 de janeiro de 2009

Miss Terious e Sir Vival - Meio da noite

- Vival?
(...)
- Vival?
- Ahn...
- Você está acordado?
- Que foi?
- Só queria saber se você estava acordado.
- Eu não estava...
- Desculpa, é que eu acordei e daí fiquei assim.
- Assim como?
- Acordada, daí achei que talvez você também pudesse.
- Pudesse acordar?
- Ou estar acordado.
- Amor, eu não estava acordado, vamos dormir?
- Vamos dormir. Desculpa. Boa noite.
- Boa noite.
- Vival?
- Oi.
- Você está com muito sono?
- Não é muito, mas é o meio.
- É que eu não estou conseguindo dormir.
- Você não acha que é por que você não para de falar?
- Nossa.
- Sério, se você ficar quieta é mais fácil.
- Pode dormir, eu fico aqui.
- Não, vem aqui, deixa eu te abraçar e você dorme comigo.
- E se você me abraçar e eu não dormir?
- Daí você me acorda.
- Por que você já não fica acordado então?
- Terious, você quer conversar alguma coisa?
- Não, nada.
- Então, que você acha da gente tentar dormir?
- Poxa, você não pode...
- Então vou levantar, quer que eu faça alguma coisa pra você comer?
- Por que você vai levantar? Não vai dormir mais?
- Não quero te ofender com o meu sono. Não, fico com você, acordado.
- Vival?
- Oi.
- Agora eu estou ficando com sono.
- Ah, não me diga, talvez por que são quatro e meia da manhã.
- É...
- Boa noite, qualquer coisa me chama.
- Boa noite.
(...)
- Vival?
- Oi.
- Nada, brincadeira, boa noite.

segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

ASAP

Fui procurar nos textos velhos alguma coisa que pudesse ser dita hoje.

...

Fiquei feliz depois notar que não havia nada.

Apagar-me
diluir-me
desmanchar-me
até que depois
de mim
de nós
de tudo
não reste mais
que o charme.


Paulo Leminsk

Faltam-me forças, mas a busca toda me puxa...

domingo, 25 de janeiro de 2009

Mas eu, em cuja alma se refletem
As forças todas do universo,
Em cuja reflexão emotiva e sacudida
Minuto a minuto, emoção a emoção,
Coisas antagônicas e absurdas se sucedem —
Eu o foco inútil de todas as realidades,
Eu o fantasma nascido de todas as sensações,
Eu o abstrato, eu o projetado no écran,
Eu a mulher legítima e triste do Conjunto
Eu sofro ser eu através disto tudo como ter sede sem ser de água.

Álvaro de Campos

sexta-feira, 23 de janeiro de 2009

Perfume novo

...desceu as escadas sentindo as lágrimas querendo saltar, disse não, impediu-as com esforço e com pensamento fixo de que não resolveria nada, sabia que o certo era apenas continuar, andando em frente, sem aquilo, não sabia como sabia, mas estava lá, era exato como uma conta poderia ser, como uma nota ou uma moeda, sentou-se no carro, a questão que houve respondeu-se sem sentido e foi o que fez, deixou-se apenas a sentir o que é que estivesse sentindo, olhando para frente, sentindo o vento da janela aberta do carro, pensando na dor de olhar algumas coisas que agora surgia, pensou em todas as possibilidades que haveriam em enfrentar e não confiar naquela dor que, afinal, um pouco antes não havia, as coisas deveriam ser só as mesmas coisas apesar de tudo, e tudo que antes poderia ter pensado não mais justificava, parecia realmente obsoleto demais e dava-lhe uma leve sede de qualquer coisa, lamentou um instante por não haver água no carro, lembrou quando nunca deixava faltar água no carro e perguntou-se "o que será que mudou?", agora, diabos, sentia sede, pensou em frases completas com pontos, vírgulas e acentuações, percebeu quanta coisa distinta, no melhor sentido que pode haver em ser distinto, nascia de si. Comprou um perfume diferente, pediu "alguma coisa diferente" e então levou aquele.


23/01/2009!

Dobrada à moda do Porto

Um dia, num restaurante, fora do espaço e do tempo,
Serviram-me o amor como dobrada fria.
Disse delicadamente ao missionário da cozinha
Que a preferia quente,
Que a dobrada (e era à moda do Porto) nunca se come fria.

Impacientaram-se comigo.
Nunca se pode ter razão, nem num restaurante.
Não comi, não pedi outra coisa, paguei a conta,
E vim passear para toda a rua.

Quem sabe o que isto quer dizer?
Eu não sei, e foi comigo ...

(Sei muito bem que na infância de toda a gente houve um jardim,
Particular ou público, ou do vizinho.
Sei muito bem que brincávamos ser o dono dele.
E que a tristeza é de hoje).

Sei isso muitas vezes,
Mas, se eu pedi amor, porque é que me trouxeram
Dobrada à moda do Porto fria?
Não é prato que se possa comer frio,
Mas trouxeram-mo frio.
Não me queixei, mas estava frio,
Nunca se pode comer frio, mas veio frio.

Álvaro de Campos

para minha irmã

quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

Quarta à tarde

Cinco e qualquer coisa...
Quis criar uma coisa nova e incomparável ou comparável com algo bom. Desisti.
Houve um tempo em que eu passava o dia todo criando um algo novo incomparável e conhecia pessoas, e era elogiada, e ficava orgulhosa.
Agora não. Não crio, nem me orgulho... As crítica são pesadas hoje em dia, nada é mais algo novo.
Estou ansiosa pelo começo do fim desses tempos, quando eu não mais me incomodarei com reles criações forçadas. Finalmente terei todas as ferramentas que preciso para fazer surgir novas ferramentas de se fazerem coisas. E então o novo será novo de novo.
Bem me lembro quando eu estava sozinha nesse vasto mundo de fazer surgir automaticamente pensamentos. E eu me sentia só, e feliz, mas só. Convidei todos que me cruzavam para vir comigo pela vastidão do sem-limite e cá me encontro: só...
Agora com todos aqui, nada que tenha feito é extraordinário, nada do que eu tenha escrito é inédito, nada do que penso é algo nunca antes pensado.
É o fardo de se viver nesse mundo crescente, nessa busca incessante de criação.
Talvez seja a nossa sina, se somos semelhantes ao criador, vivemos a vida em busca do que podemos criar e perpetuar.
E o tédio, e a falta de emoção, e a tarde de quarta só intensificam o que já foi avivado em nós...

terça-feira, 20 de janeiro de 2009

Calor

Estava bom, pois ser, sempre havia sido. E então entre um riso e uma gargalhada, deitamo-nos meio longe para a brisa circular. E entre beijos e mordidas, lembramos por que é que estávamos deitados ali depois de todo aquele tempo que passou. E roçávamos os pés. E tocávamo-nos e afastávamo-nos que o calor quase nos fervia e queimava. E então ele disse algo e eu disse outro algo e num instante estávamos enroscados e não podíamos mais nos desgrudar. E juntos também não bastávamos, queríamos pulsar separados o mesmo doce pulsar. E ele me tocou como nunca antes tocara e beijou, e assoprou e eu me contorcia e descontrolava. E... O calor quase nos fervia e queimava.

27/10/08

saudade que vive de amar-lhe, vida
Irracional, é.

Faltar-me o que tenho.
Cansar-me o que não faço.
Ferir-me o que protejo.
Mostrar o que escondo...

E não há explicações ao incógnito, mas é belo. Pois se houvesse realmente sentido em ser o que sou, em um instante eu já não poderia ser nada. Minha graça e meu encargo é ser inexplicável.

Sou inteiramente formada ou tomada pela beleza de minhas imperfeições e só me saberei completa quando meus próprios julgamentos puderem absolver e não reparar...

Em minha existência só há um fim, pretender tudo e restar como nada.

quinta-feira, 15 de janeiro de 2009

Mistérios do cão dinamarquês

Eu sei, sacanagem...
O pessoal vem aqui, aos montes, todos os dias, achando que vai encontrar um super textos legal sobre o cão dinamarquês e quando vê está em um blog de blablablá.
Se você chegou até aqui é por que descobriu que a minha página aparece entre os primeiros resultados de pesquisa para a expressão "cão dinamarquês". Não, eu não tenho um. Na verdade, eu não consigo nem reconhecer um se me apresentarem, embora já tenha visto de perto um deles perdido pela cidade.
Fato é que esse bom cachorro que se perdeu e cruzou o meu caminho enquanto eu vagava sem rumo em busca de um pensamento feliz que me fizesse esquecer que eu era paranóica, gerou mais visitas ao meu blog ao ser rememorado.
A questão é (por que tem que haver uma questão, senão o pessoal vai chegar aqui, saber que o site não tem nada a ver com o cão dinamarquês e ainda ser iludido duplamente pelo título do texto que diz que haveriam mistérios sobre o assunto... ) por que diabos o meu site apareceu tantas vezes como resultado de busca se eu apenas fiz um breve relato sobre ter cruzado com um cão dessa raça num dia qualquer.
Isso me faz pensar que, se você está mesmo muito bravo de estar aqui e não ter encontrado nada que valha a pena sobre o cão dinamarquês, a culpa é toda sua. Quanto mais pessoas entrarem, mais vezes o Google vai achar que o meu site é relevante para essa pesquisa.
Outra pensamento que me passa é que, na verdade, talvez eu devesse mesmo criar um site sobre cães dinamarqueses, ou abrir um canil, ou coisa assim. É possível que realmente ganhasse muito dinheiro. Ou oferecer um espaço no meu site para um criador anunciar...
Só peço que não fiquem tristes por terem caido no site errado, pelo menos não era pornô, pelo menos não era vírus, pelo menos... Pelo menos você leu alguma coisa diferente hoje.
Beijo, tchau.

Um bonitinho, para não perder a viagem.

Miss Terious e Sir Vival - Barulho de que?

- Vival, que foi esse barulho?
- Que barulho?
- Você não ouviu?
- Talvez tenha ouvido... Qual?
- Como assim, talvez?
- Eu não sei do que você está falando, ué!
- Eu é que não sei que você... Sh!
- (sussurrando) Que foi?
- Você ouviu?
- Olha, eu...
- Será que tem alguém lá fora?
- Por que?
- Vival!
- Você ouviu?
- Não ouvi, fez de novo?
- O que?
- ...
- Sério, não sei do que você está falando.
- Do barulho!
- Barulho do que? Meu, seu, outro?
- Meu? Eu estou fazendo algum barulho?
- Ah, não sei, no estômago talvez.
- Meu estômago está fazendo barulho?
- Não, só estou perguntando se é isso.
- Por que seria se ele não está fazendo barulho?
- Não, só achei que era disso que você estava falando.
- Por que eu estaria falando de alguma coisa que não está acontecendo?
- É que, às vezes, você pode ter...
- Sh! Você ouviu agora?
- Agora acho que fui eu.
- Você o que?
- O barulho...
- Você fez esse barulho?
- De qual barulho você está falando?
- ...
- Será que você pode aumentar a TV?

sexta-feira, 2 de janeiro de 2009

 
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