Eu disse que era mar e disseram que talvez não fosse de matar a sede, então, sentei no meio fio e curti minha ressaca.
Afogaram meus sonhos, invadiram minhas ruas, levaram-me ao desmaio e o que eu descobri em um momento é que ser temido não passa nem perto de ser admirado. E isso tudo virou riso, mesmo que eu tenha entendido tudo ao contrário.
Definitivamente, existem males que vem para o bem.
Foram as pegadas no chão que mostraram que esse mar não dava pé. Foi a gota que faltava para criar um vazio, não é? E eu tapei meus olhos e simplesmente joguei-me com o queixo no peito. Coloquei uma pedra nessa minha ressaca e não era de gelo... E eu que sempre achava que tudo tinha jeito, dessa vez entendi tudo direito.
Definitivamente, existem males que vem para o bem.
Se a gota que faltava era tanto...
Eu desisto de ter para descobrir o que falta...
Se nossos erros servem para nos ensinar...
Definitivamente...
Eu disse que era mar...
*inspirado por uma canção que foi inspirada num texto meu...
Eu deixarei que morra em mim o desejo de amar os teus olhos que são doces
Porque nada te poderei dar senão a mágoa de me veres eternamente exausto.
No entanto a tua presença é qualquer coisa como a luz e a vida
E eu sinto que em meu gesto existe o teu gesto e em minha voz a tua voz.
Não te quero ter porque em meu ser tudo estaria terminado.
Quero só que surjas em mim como a fé nos desesperados
Para que eu possa levar uma gota de orvalho nesta terra amaldiçoada
Que ficou sobre a minha carne como nódoa do passado.
Eu deixarei... tu irás e encostarás a tua face em outra face.
Teus dedos enlaçarão outros dedos e tu desabrocharás para a madrugada.
Mas tu não saberás que quem te colheu fui eu, porque eu fui o grande íntimo da noite.
Porque eu encostei minha face na face da noite e ouvi a tua fala amorosa.
Porque meus dedos enlaçaram os dedos da névoa suspensos no espaço.
E eu trouxe até mim a misteriosa essência do teu abandono desordenado.
Eu ficarei só como os veleiros nos pontos silenciosos.
Mas eu te possuirei como ninguém porque poderei partir.
E todas as lamentações do mar, do vento, do céu, das aves, das estrelas.
Serão a tua voz presente, a tua voz ausente, a tua voz serenizada.
Ausência - Vinícius de Moraes
Nadalogia
Há 5 anos