terça-feira, 3 de março de 2009

Rastejando para fora da cama às nove da manhã com 30 graus dentro do quarto. Quase não consigo separar as pálpebras... O fato de eu ter desejado ficar mais tempo acordada a fim de aumentar minha cultura não deveria causar tanto estrago.
De qualquer jeito, coisas boas se aproximam lentamente e, apesar de meu horóscopo garantir que os obstáculos da vida devem ser encarados com realidade, não consigo (de novo) entender do que ele está falando... Malditas entrelinhas.
Deu uma vontade louca de escrever um poema de amor... Maldita personalidade inexplicável!

Quem vende a verdade, e a que esquina?
Quem dá a hortelã com que temperá-la?
Quem traz para casa a menina
E arruma as jarras da sala?

Quem interroga os baluartes
E conhece o nome dos navios?
Dividi o meu estudo inteiro em partes
E os títulos dos capítulos são vazios...

Meu pobre conhecimento ligeiro,
Andas buscando o estandarte eloqüente
Da filarmônica de um Barreiro
Para que não há barco nem gente.

Tapeçarias de parte nenhuma
Quadros virados contra a parede ...
Ninguém conhece, ninguém arruma
Ninguém dá nem pede.

Ó coração epitélico e macio,
Colcha de crochê do anseio morto,
Grande prolixidade do navio
Que existe só para nunca chegar ao porto.


Relógio, morre. Fernando Pessoa

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