terça-feira, 10 de fevereiro de 2009

Eu quero ser sempre aquilo com quem simpatizo,
Eu torno-me sempre, mais tarde ou mais cedo,
Aquilo com quem simpatizo, seja uma pedra ou uma ânsia,
Seja uma flor ou uma idéia abstrata,
Seja uma multidão ou um modo de compreender Deus.
E eu simpatizo com tudo, vivo de tudo em tudo.
São-me simpáticos os homens superiores porque são superiores,
E são-me simpáticos os homens inferiores porque são superiores também,
Porque ser inferior é diferente de ser superior,
E por isso é uma superioridade a certos momentos de visão.
Simpatizo com alguns homens pelas suas qualidades de caráter,
E simpatizo com outros pela sua falta dessas qualidades,
E com outros ainda simpatizo por simpatizar com eles,
E há momentos absolutamente orgânicos em que esses são todos os homens.
Sim, como sou rei absoluto na minha simpatia,
Basta que ela exista para que tenha razão de ser.

Álvaro de Campos

Um comentário:

Anônimo disse...

Benditas as coisas que não sei
Os lugares onde não fui
Os gostos que não provei
Meus verdes ainda não maduros
Os espaços que ainda procuro
Nos amores que nunca encontrei
Benditas as coisas que não sejam
Benditas

A vida é curta mas enquanto durar
Posso durante um minuto ou mais
Te beijar pra sempre
O amor não mente,
não mente jamais
E desconhece
no relógio o velho futuro
O tempo escorre num piscar de olhos
E dura muito além
dos nossos sonhos mais puros

Bom é não saber
O quanto a vida dura
Ou se estarei aqui
na primavera futura
Posso brincar de eternidade agora
Sem culpa / nenhuma

 
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