quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

Sensação

A sensação me sobe pelos pés e pelas mãos, quando chega ao peito eu respiro fundo e parte dela se vai...
Outra parte fica, se enrola no meu estômago e aperta minhas vísceras todas. Se, num momento desses, algo tocasse minha língua então meu café da manhã daria as caras de novo...
Eu molho o punho e a nuca, sento no chão do banheiro com as costas no azulejo gelado e a sensação melhora. Descobri há muitos anos que sentir frio é sempre melhor do que sentir-se mal. O corpo não registra as duas coisas ao mesmo tempo...
Sento-me na cadeira, ligo o som e começo a teclar rapidamente qualquer frase que venha à mente, considerando que qualquer começo, seja ele bom ou ruim, pode ter um fim melhor. E, de repente as coisas parecem que vão ficando distantes, as sensações todas, os pensamentos todos, as vontades... Tudo sai desse meu corpo e entra num espaço virtual, numa realidade paralela, em que eu não preciso me ocupar mais delas.
Claro que, algumas vezes, no passado, houve momentos em que criavam-se mais coisa para se ocupar depois que minhas frases saiam de mim, mas esse é o preço que se paga por desejar algo maior. Por causa de momentos como esse, finalmente descobri grande parte do que eu quero dizer e do que não quero dizer. E foi útil...
Olhando o acumulado de letras e de coisas que são só minhas e da mais ninguém (por mais que tomem como suas, os passantes, por mais que achem que é com eles, os que me conhecem, por mais que saibam...) sei como o valor dessas coisas está apenas em mim, o fato existirem também está apenas em mim... E é então que sinto-me bem e é o que basta para o acumulado de letras cumprir seu fado e a sensação sumir. Até a próxima.

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