segunda-feira, 28 de abril de 2008

Perdida no tempo. Ainda.

"QUARTA-FEIRA, DEZEMBRO 08, 2004

Perdida no tempo

Abro os olhos.

Que horas são?! Meu relógio não está no braço. Odeio estar sem relógio, perco a noção da minha vida.

Levantar a cabeça e tentar olhar no relógio da parede não é uma possibilidade. Eu sou míope. Não enxergo um palmo a frente do nariz. Não enxergo os olhos das pessoas, e nem a boca e nem o nariz, elas viram verdadeiros monstro sem rosto, bonecos de pano costurados.

Ainda na cama, pensando como eu vou fazer para descobrir as horas.

Não quero levantar agora. Espero que não seja hora de ir trabalhar. Ou pior, espero que eu não esteja atrasada para o trabalho.

Será que tem alguém na casa que pode me dizer que horas são?!

Silêncio mortal. Ninguém nas proximidades quarto-sala.

Começo a ouvir barulho de panelas. Poderia gritar (berrar) para a pessoa que mexe nas panelas me dizer que horas são. Mas eu acabei de acordar e, a menos que eu esteja com dor, não grito. Nem falo, muito menos grito.

Droga, onde será que eu coloquei meu relógio?

Começo a me lembrar de todas as coisas que eu tenho que fazer. E eu nem sei se vou ter tempo para elas. Por que eu perdi toda a noção de tempo.

Ok, pânico.

Além de tudo, o gato não está dormindo comigo. Alguma coisa está errada. O gato sempre está dormindo comigo quando eu não saio cedo.

Resolvo levantar e ver o que houve com o gato. Ele está deitado no chão da sala. Estranho. Ele nunca dorme no chão da sala.

"Querido, eu estava lá na cama, por que você está aí sozinho?"

Olho no relógio da sala, onze e meia.

Eu estou acordada as onze e meia?

Cadê a droga do meu relógio?! Eu vou destruí-lo!

Volto para a cama."


Eu não uso mais relógio. Eu não sou mais míope. O gato não dorme mais comigo.
Mas eu continuo indignada de acordar antes do meio-dia.

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