sábado, 19 de janeiro de 2008

Chuva de sempre

Eu costumava não gostar de chuva, dizia que ela me influenciava. Aquelas gotinhas malditas traziam com elas um vento que me arrepiava.
Era um dia, de todos os outros, em que meu mau-humor tinha explicação. Era um dia daqueles em que eu não precisava explicar por que eu não queria sair, por que eu não queria fazer, por que eu não queria sorrir...
Hoje eu vi, a chuva era apenas cúmplice, apenas aceitava o papel que eu lhe dava.
Ela não estava lá para mim, eu que só estive muito aí para ela. Se ela ficasse, eu ficava, se ela se fosse, eu me levantava.
Hoje quando a chuva começou a cair, como ela sempre caiu; Quando eu vi ela escurecer o dia como sempre fez, senti uma coisa diferente. Senti que eu continuava igual. Fazendo o que eu estava fazendo, com as mesmas intenções do começo.
E então, por um instante parei para olhar a chuva. Pedi desculpas por tê-la culpado injustamente durante todos esses anos. Coloquei o braço para fora e toquei-a e, o mais surpreendente, é que eu sempre gostei desses carinhos que arrepiam a gente...
Hoje a chuva me gritou num trovão: "Suas lágrimas não vêm de nuvem minha, ou vêm da sua cabeça, ou do seu coração."
Eu sorri, não estava triste. A chuva tinha razão.

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