sexta-feira, 6 de junho de 2008

No chão

No chão.
Sentada no chão do meu quadrado de vida. Que nada se estende depois daqui, que nada sobra... Agradeço ao menos o tapete que não permite que estar no chão, seja estar no frio. Não é frio. Não é calor também, mas pelo menos não é frio.
Os ares quentes ficaram onde quer que estejam e só voltam na próxima temporada. Ninguém sabe quando será a próxima temporada e é por isso que a humanidade treme a cada dia.
Não, resolvi eu. Sentei no chão por que é de baixo que se enxerga melhor o que é divino. Que apesar da vista, existe o que quer que seja no além.
Havia dito tanto, por tanta coisa do que sinto e hoje só que penso é que nada do que tenho para dizer me basta. E o silêncio também não me basta, mas a completa ausência já me é melhor do que uns pedaços do que não tenho.
Nota-se, nota-se. E de ser repetição, minha alma já se cansa e aquieta-se.
Chega um email, toca o telefone...
E o que é, que eu deixe a vida levar. Além de mim, tudo. Para perto ou para longe, não sou eu quem vai decidir. Nunca foi.
De estar sentada no chão, às vezes temo ser menor que o que me cerca. Não devo ser, penso no próximo instante. Eu me coloquei aqui, desci até aqui por que o caminho até o céu já fazia voltas. Desci para começar de novo. E é humildade o que sinto, não impotência. E ser humilde não deixa de ser nobre e ser nobre nunca é menor que nada.
E então, num impulso, sei que tenho que me levantar por que os emails não vão parar de chegar e o telefone não vai parar de tocar e nem tudo será solução.
Mas recuso-me a desejar qualquer coisa disso tudo.
Que vier que venha. Não estou negando, mas nem oferecendo. Que quiser vir, venha.
Por enquanto estou sentada, só vou levantar quando levantar significar ficar em paz.

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