domingo, 29 de junho de 2008

Na véspera de não partir nunca
Ao menos não há que arrumar malas
Nem que fazer planos em papel,
Com acompanhamento involuntário de esquecimentos,
Para o partir ainda livre do dia seguinte.
Não há que fazer nada
Na véspera de não partir nunca.
Grande sossego de já não haver sequer de que ter sossego!
Grande tranqüilidade a que nem sabe encolher ombros
Por isto tudo, ter pensado o tudo
É o ter chegado deliberadamente a nada.
Grande alegria de não ter precisão de ser alegre,
Como uma oportunidade virada do avesso.
Há quantas vezes vivo
A vida vegetativa do pensamento!
Todos os dias sine linea
Sossego, sim, sossego...
Grande tranqüilidade...
Que repouso, depois de tantas viagens, físicas e psíquicas!
Que prazer olhar para as malas fitando como para nada!
Dormita, alma, dormita!
Aproveita, dormita!
Dormita!
É pouco o tempo que tens! Dormita!
É a véspera de não partir nunca!

Na véspera. Álvaro de Campos

quinta-feira, 26 de junho de 2008

Piada!

Não, tudo bem, piada. Adoro piada.
Vou dar risada, lógico. Não vou surtar. Não vou achar que fizeram macumba para mim. Não, não precisa.
Eu achava, sim eu achava, mas não preciso.
Hoje é um dia como outro qualquer, com uma tarde qualquer e uma noite qualquer. Não há com que se preocupar.
Eu estou apenas vivendo este dia como se não houvesse nada de muito importante rolando. Por que não há. É só a minha vida.
Minha vida é normalmente sem noção, passível de surto, mas hoje não. Hoje foi piada. É só dar risada e esquecer. Brindar e esquecer. E escrever.
Agora são quatro e meia, tudo bem, é um horário... Depois vai ser mais tarde e vai continuar a mesma coisa, que é o que sempre acontece. Igual quando era mais cedo. Hoje não ia ser diferente, só por que é hoje.
Já foi decidido, protocolado, não adianta.
É piada... Não precisa se preocupar.

quarta-feira, 25 de junho de 2008

Miss Terious e Sir Cuit - Ele quem?

- Não aguento mais ver sua cara quando você pensa nele...
- Nele quem?
Ele a encarou espremendo os olhos.
- Meu Deus, foi alguma coisa que eu disse?
- Dá pra notar, sabe...
- Cuit, por favor, vem cá.
Ele deitou-se meio distante.
- Ó, não sei o que você está pensando, mas acho que está viajando.
- É, talvez eu esteja.
- Não, sério, eu não estou pensando em ninguém.
- Eu sei que você ainda gosta dele, não tem problema.
- Dele quem?
- Eu sei que deve ser difícil, mas eu só queria que você visse o que eu tenho feito por você. Eu, ninguém mais.
- Querido, você é demais, eu estou gostando muito de estar aqui com você.
- Eu sei que eu não sou igual a ninguém, não adianta, mas eu tenho mais para oferecer, talvez.
- Talvez...
- Olha, olha, essa é a cara que você faz quando pensa nele.
- Que cara, meu, tô começando a ficar com medo de você.
- Se você quer tanto estar com ele por que não vai lá. Duvido que ele negue.
- Eu não quero ir em nenhum lugar, estou com frio...
- E quando fizer calor, você vai lá?
- Você que está falando tudo isso, você está vendo?
- Eu estou falando o que eu acho...
- Eu entendo, mas eu estou falando que está errado.
- Eu não consigo acreditar.
- E o que você espera que eu faça?
- Quero só que você fique comigo e esqueça ele.
- Cuit...
- Esquece, eu vou dar uma volta.
- Isso, eu também.
- Aonde você vai?
- Não sei, você sabe aonde você vai?
- Não, melhor a gente ficar então...
- Não, eu vou dar uma volta, até o frio passou.
- Você vai encontrar com ele?
- Ele quem?!
- ...
- Tô indo, tchau!

terça-feira, 24 de junho de 2008

Teoria dos males que vem por que vem

Parei, olhei, pensei, resolvi.
Criei uma teoria para tudo isso. Para minha vida toda.
Os males, tem aqueles que vem para o bem, e tem aqueles que vem por que vem! E pronto.
Não adianta chorar... A culpa não foi sua, você sabe. A sua explicação é exdrúxula, porém verdadeira. Ninguém se importa e você tenta suicídio. Não!
Negócio é o seguinte: Males que vem por que vem. Nós aceitamos e fica tudo bem. E eles se transformam nos "males que vem para o bem" e todos ficam felizes.
Exemplo:
Meio dia, saída da faculdade, você pega o mesmo ônibus de sempre, para fazer o mesmo caminho de sempre que, normalmente, dura uma hora. Neste dia fatídico um acidente e um obra arruinam o transito da mesma avenida de sempre. O caminho que levava uma hora, leva dois. A-c-o-n-t-e-c-e!
Outro exemplo:
Meio dia, saída da faculdade, agora você tem carro então pode chegar em casa em 15 minutos por que não faz o caminho ridículo do ônibus. Você coloca o seu celular entre as suas pernas com medo que ele toque e você não ouça. De repente, um apito avisa que há uma nova mensagem de voz. Seu celular não tocou. A-c-o-n-t-e-c-e!
Ou quem sabe se você é mesmo uma pessoa dessas que tem azar:
Ninguém nunca fala nada de nada com você quando você quer ouvir alguma coisa legal. Então, de repente, um dia, as pessoas começam a querer falar coisas do nada, sem estímulo, sem razão, sem pedidos. E você acaba achando que tem que se explicar. Não. Isso também a-c-o-n-t-e-c-e!
É um saco, é foda, parece castigo divino, mas a gente pega tudo, escreve um texto, revisa gramaticalmente, acha que colocou pontos e vírgulas demais e tudo vira bem!
Tem gente que tem sorte, fura pedra e acha água. Eu, normalmente, não vejo nada normal rolar. Não é azar, é zica.
Eu tentaria suicídio se não tivesse que resolver 597 pepinos antes.
Eu desacredito também, mas acontece...

segunda-feira, 23 de junho de 2008

Perda ... er... Pedra!

O caminho é em frente. Não tem pedra, não tem nada. Tem o medo da pedra, tem o medo de tudo. Chute em pedra é a pior coisa que existe...
A gente esquece que tem os lados da pedra, as passagens. A gente esquece que tem em cima da pedra. Tem gente que escala pedra, tem gente que mora em pedra...
Ai, as pedras...
Tem gente que tem pedra por dentro. No rim, por exemplo. Tem gente que tem pedra como coração...
Eu estava numa reunião sobre pedras até agora, se alguém quer mesmo saber. E eu vou dizer que pedra custa caro para caramba ou nem tanto, ou sei lá, depende do ponto de vista.

Assim, pedra por pedra, sobra-nos sempre pedra sobre pedra.

Queria dizer. O caminho é em frente. Talvez tenha mesmo algumas pedras, sempre tem... O que fazemos com elas é que muda tudo. Colocar uma pedra em cima, talvez.

Podemos vender, eu já tenho comprador...

E também quem nunca ficou na dúvida que atire a primeira. Pedra...


No meio do caminho tinha uma pedra
tinha uma pedra no meio do caminho
tinha uma pedra
no meio do caminho tinha uma pedra.

Nunca me esquecerei desse acontecimento
na vida de minhas retinas tão fatigadas.
Nunca me esquecerei que no meio do caminho
tinha uma pedra
Tinha uma pedra no meio do caminho
no meio do caminho tinha uma pedra.


No Meio do Caminho - Carlos Drummond de Andrade

domingo, 22 de junho de 2008


Pois que nada que dure, ou que, durando,
Valha, neste confuso mundo obramos,
E o mesmo útil para nós perdemos
Conosco, cedo, cedo.

O prazer do momento anteponhamos
À absurda cura do futuro, cuja
Certeza única é o mal presente
Com que o seu bem compramos.

Amanhã não existe. Meu somente
É o momento, eu só quem existe
Neste instante, que pode o derradeiro
Ser de quem finjo ser?


Ricardo Reis

quinta-feira, 19 de junho de 2008

Passado, Futuro e Presente

Minha história tem três personagens, passado, futuro e presente.
Passado é malandro, diz que sabe da vida, não dá brecha para ficar por baixo em conversa nenhuma. Ele manca de uma perna, um ferimento que nunca o deixa esquecer dos erros de cálculo que cometeu. Um pouco ressentido, pois acredita que o conhecimento que tem do mundo se aplica no geral. Passado é cabeça dura, difícil de convencer, difícil de mudar...
Futuro é sonhador, tem um milhões de planos para o que será. Faz conta, faz esboço, quer deixar tudo acertado para o dia, quando o dia chegar. Ele não sabe muito bem o que espera, mas é como se esperasse tudo. Está sempre com a cabeça em outro lugar, chega até a ser meio egoísta. Futuro tem boas intenções, mas com ele, a gente nunca pode contar...
Presente é mais tranqüilo, não teme o que pode acontecer. Para ele o tempo é precioso, não se pode perder. Não gosta de jogar conversa fora, gosta de tomar decisões. Ele faz o que tem que ser feito, diz o que tem para dizer. Presente viveu coisas e tem planos, mas ele não aguenta esperar..
Um dia, estavam os três sentados na praça, aproveitando o sol do fim da tarde. Conversando sobre a vida, trocando reclamações sobre o destino.
- Comigo já aconteceu muita coisa, já cometi muitos erros, mas se tem uma coisa que eu aprendi é que não se pode confiar em ninguém, não se pode dar o seu sangue por ninguém, por que, por mais que fiquem gratos pelo seu esforço, não dura muito tempo, todo mundo segue seu caminho e lhe abandona para trás. - disse Passado.
- Eu acho que deve existir quem valorize de verdade os nossos esforços, que não vá nos abandonar. Eu rezo todas as noites para que venham a mim essas pessoas que são como eu, só desejam coisas boas. - sonhou Futuro.
Presente ficou em silêncio, não conseguiu pensar em ressentimento e nem em utopias. Pensou em inventar uma desculpa para ir embora, mas alguma coisa o fez querer ficar.
Passado retrucou:
- Isso é absurdo. Você não viveu as coisas que eu vivi, não conheceu quem eu conheci. Antes eu era como você, olha o que me sobra: feridas, dores, mágoa. Se não quer acabar como eu, devia me ouvir.
Futuro abaixou o olhar por um instante e sentiu vontade de chorar. E disse, com os olhos brilhando:
- Acho que você quer impor sua tristeza a nós. Nós não estamos tristes, queremos ser felizes. Não nos importamos com o que já foi, queremos mais!
E ficaram discutindo. Passado defendendo o seu valor e Futuro defendendo todos os seus sonhos.
Depois de algum tempo, Presente perdeu a paciência e colocou Passado e Futuro embaixo de cada um dos braços e começou a caminhar.
- Meus irmãos, toda a vida vi vocês brigarem e quero dizer que os dois me ensinaram a ser o que sou. Agora quero lhes dizer o que aprendi, por que não guardo mágoas como você Passado e nem sonho demais como você Futuro e sou feliz. A vida está acontecendo agora, o que foi não há o que fazer e o que será também não há. Só podemos saber do que já é e aproveitarmos, pois em alguns instantes ele também já não poderá mais ser mudado. Não percam mais tempo reclamando, Passado e nem você só planejando, Futuro. Juntos, vocês sabem tanto e usam tão pouco. Tudo que você aprendeu, Passado, é o que te dá força para fazer o que tem que ser feito hoje e todos os seus sonhos, Futuro, tem que trabalhados no agora, não adianta esperar.
Os três seguiram em frente abraçados, ouvindo o que o sábio Presente estava lhes dizendo. Depois desse dia, o Passado nunca mais se desentendeu com o Futuro e juntos seguiram o caminho novo e desconhecido que o Presente havia lhes apresentado. A vida se tornou melhor, Passado tomando cuidado com seus passos mas seguindo em frente, Futuro com seus sonhos, mas também com ações e Presente... Bom, o Presente estava sempre lá, para ajudar seus irmãos. Um dia ele sabia que também ia mudar mas, vivia orgulhoso de ter lhes dito o que sentia, sem exitar.

*Eu sei que parece um daqueles textos que a gente recebe no meio do trabalho quando o dia está fervendo e fica puto de raiva que tem algum filho da puta que não tem mais o que fazer e está mandando spams, mas calma, eu ainda pretendo melhorar, o conceito é meio complexo para acertar de primeira...*

quarta-feira, 18 de junho de 2008

O grande dia

Ela estava a mais de meia hora encarando as pedrinhas do vestido no espelho. Eram 395 ou 397 pedrinhas. Talvez ela contasse mais uma vez para confirmar...
Estava impressionada na quantidade de pedrinhas que alguém havia costurado naquele pano. Um trabalho imenso que deveria fazer aquele vestido muito especial.
Olhou-se nos olhos. Não era ela. Não era ela naquele vestido, com aquela maquiagem e com aquele penteado. Nunca faria nada naquilo.
Tirou os sapatos e sentou no chão, cruzando as pernas sob o vestido. Olhou em volta.
Ela estava sozinha em um dos quartos da casa, milhões de coisas estavam espalhadas pelo chão, pedaços de papel seda, sacos plásticos, três enfeites de cabelo, uma bandeja com uma comida intacta... Teria comido se não estivesse há 2 meses comendo sem parar e sem ter fome.
Alguém bateu na porta.
- Querida, precisa de ajuda?
Ela deitou-se no chão, amassando o penteado que havia demorado duas horas para ficar pronto. Permaneceu em silêncio.
- Querida, tudo bem?
- Estou terminando, mãe.
- Se precisar de ajuda...
Mas ela parou de escutar o que a voz dizia do outro lado da porta.
Tirou alguns grampos do cabelo que estavam repuxando. Sentou-se de novo, agora uma mexa encaracolada caia-lhe sobre os olhos.
Respirou fundo e levantou.
A janela do quarto, que dava para os fundos da casa era pequena demais para passar com aquele vestido, pensou. Tirou mais alguns grampos e o enfeite. De repente, estava se achando mais bonita.
Alguém bateu na porta.
- Olha, a gente vai sair em 5 minutos, ok?
Ela não respondeu e a pessoa não disse mais nada.
Brincou com o vidro de demaquilante em cima da mesa. Olhou-se mais um vez nos olhos.
Derrubou um pouco de demaquilante na barra do vestido gentilmente e começou a esfragá-lo no rosto.
Olhou o vestido, agora com uma mancha preta e azul na barra. Seu rosto também era uma mancha preta e azul.
Sento-se novamente no chão e começou a arrancar as pedrinhas do busto, contando-as em voz alta.
Por volta do 98 alguém virou a maçaneta da porta e perguntou "vamos?".
Ela levantou o dedo indicador e disse "Já estou terminando. 102, 103, 104, 105...", arrancando uma a uma as pedrinhas brilhantes...

segunda-feira, 16 de junho de 2008

SÁBADO, OUTUBRO 23, 2004

A teoria do boi não lambe.


(...)

Toda essa confusão me fez lembrar da minha teoria do boi não lambe. A expressão eu ouvi dos meus pais quando era bem pequena. Eles diziam algo como "você é minha e o boi não lambe". Nunca entendi direito a relação da lambeção do boi, com a propriedade de alguma coisa, mas entendi o significado. Passar a informação é o suficiente.

Então, continuando, a teoria do boi não lambe consiste no seguinte: algumas coisas simplesmente são suas, não importa o que aconteça, você não as perde. Se alguma coisa que você acha que era sua foi embora, se perdeu, roubaram ou sei lá, é por que não era para ser seu. Ou seja, o que é seu, o boi não lambe. O que não é, dê adeus. Viva o desapego.

(...)

Outra boa coisa para se dizer quando alguma coisa vai dar certo, por que você está no controle é "não tem boi não". Agora você sabe por que...


Friiiiiiiiio

Meu computador diz 13 graus.
Estou tremendo, com os dedos congelados e com os pés de fora. Como sempre, com uma vestimenta que não se adequa à temperatura ambiente.
D'us abençoe minha mãe que me avisou que eu devia levar blusa, senão estaria em algum lugar da Santo Amaro petrificada recebendo moedinhas dos passantes que iam achar que a escultura de gelo era proposital.
E os pepinos todos iam continuar rolando...
Acordar cedo numa segunda feira, com uma ligação internacional de um cliente para um produto que a fábrica acaba de dizer que não fabrica mais. Entrar no banho e seu telefone não parar de tocar por nem um minuto. Sair de casa minutos antes de o rodízio acabar e encontrar um amarelinho na esquina da sua casa.
Segundas são sempre genialmente foda.

sábado, 14 de junho de 2008

Foto

Sábado, sol...
O quarto desarrumado como sempre. Sábado é dia de desencanar.
A janela e as outras janelas e só o que resta de nós. A janela do computado e só o que resta para nós.
A manhã de sábado. A calma quase desesperadora, os compromissos todos não tão sérios.
A música. A gota d'agua que quase transborda o que eu ando cercando com todas as comportas.
Eu, meu auto-controle que me espanta. Que nunca antes existiu.
O silêncio dos momentos que eu não quis falar nada, perseguindo até quando eu quero ouvir qualquer coisa.
Pode ser a gota d'agua...
Sorte nossa que as músicas tem 2 ou 3 minutos e só.
E então mais perguntas sem respostas. Que diabos, procurar respostas. E o horóscopo dizendo que eu só preciso deixar que a vida me leve no fluxo e refluxo das emoções.
E minhas emoções estão fazendo cada vez menos volta. Cada vez mais certas da incerteza que é tudo.
O sol batendo na janela, invadindo o quarto... E as fotos, que eu nunca mais quis mostrar. Por que?

quinta-feira, 12 de junho de 2008

Dia dos namorados!

Dia dos namorados.
Eu tinha escrito um texto bem "Insigne" para comemorar, bem a lá blog das antigas, bem revoltadinho-humor-negro... Mas daí eu escrevi num caderno e estou com preguiça de copiar.
Era tipo retrospectiva dessa data tão infame na minha vida.
Então, para abafar o caso (ou nem tanto) desejei feliz dia dos namorados pra todas as pessoas que eu troquei olhares hoje. Olhares comuns, nada de olhares românticos, só olhares.
Por que, afinal, eu quero mesmo que todo mundo seja feliz nesse dia. E nos outros também. Mas não é só por que uns e outros, e eus não têm namorados hoje que não vão ser felizes. Sim, todos vão ser felizes!
Os infelizes, por que sempre há alguém que quer ser do contra e ficar infeliz quando está todo mundo feliz, sugiro que chamem uns bons amigos e brinquem de fingir que são namoradinhos em algum restaurante da cidade. E dêem risada de serem solteiros e não se importarem. Dar risada por que não se importa, para ver se interioriza, claro.
Ou talvez fingir ser namorado em algum restaurante da cidade não seja boa idéia, por que, afinal de contas, vai estar tudo lotado. E quem vai afogar as mágoas com algum amante também vai se lascar, por que as filas dos motéis vão estar virando a esquina. E ficar em fila de motel é beeeeem infeliz.
E o dia dos namorados não é só sobre presentes emocionantes, exclusivos e esperados, bebidinhas chiques, jantares românticos e sexo desvairado durante toda a madrugada para finalizar com o nascer do sol e dormir abraçado. Não! Não é só sobre isso. O dia dos namorados é mais sobre todo mundo celebrar o amor! Ae!
Ah, o amor...
Então, não tem problema se você não ganhou presente, nem vai ter uma longa noite de amor e dormir abraçadinho. Não tem problema. O importante é a gente pensar no amor. Que o amor é lindo, que o amor está aí, que o amor está em todos os lugares e que nós temos muito amor para distribuir e estamos muito felizes que estamos repletos de amor.
Sim!
E ainda, podemos comprar bebidinhas chiques e tomar sozinhos. Não, não há problema em tomar bebidinhas chiques sozinho. Quer dizer, se você tem um namorado na noite de hoje, não tome um monte de bebidinhas e vá encontrar com ele por que ele não vai querer sair com uma bêbada esfarrapada e você também não vai sentir fome suficiente para comer a comidinha sensacional do jantar romântico. Não, não estrague tudo. Mas se, por outro lado, não há ninguém esperando por você nesta noite maravilhosa, então... Divirta-se!
São só datas. Você pode dar o significado que você quiser a elas e comemorar!
Feliz dia dos namorados!

Obs.: Não, eu não estou sob efeito de álcool e nem de psicotrópicos. Só estou feliz. É, foda...

Descontinuando

Como é que faz?
Pega tudo, junta nisso, tira aquilo e cá ficamos?
Como é que faz?
Dói aqui, assopra ali... Junta tudo e joga fora?
Como é que fica?
Digo eu, diz você, fala nada, disse tudo e vai embora?
Como é que fica?
Fica tudo, depois de tudo, junta tudo e não sobra nada...
Como é que vai?
Ou não vai, que já era hora. Ou não fica, ou vai embora?!
Como é que vai?
Vai tudo igual, pega aqui, dói ali... Junta tudo e...

E...?


Escrito em 08.06.08

sexta-feira, 6 de junho de 2008

No chão

No chão.
Sentada no chão do meu quadrado de vida. Que nada se estende depois daqui, que nada sobra... Agradeço ao menos o tapete que não permite que estar no chão, seja estar no frio. Não é frio. Não é calor também, mas pelo menos não é frio.
Os ares quentes ficaram onde quer que estejam e só voltam na próxima temporada. Ninguém sabe quando será a próxima temporada e é por isso que a humanidade treme a cada dia.
Não, resolvi eu. Sentei no chão por que é de baixo que se enxerga melhor o que é divino. Que apesar da vista, existe o que quer que seja no além.
Havia dito tanto, por tanta coisa do que sinto e hoje só que penso é que nada do que tenho para dizer me basta. E o silêncio também não me basta, mas a completa ausência já me é melhor do que uns pedaços do que não tenho.
Nota-se, nota-se. E de ser repetição, minha alma já se cansa e aquieta-se.
Chega um email, toca o telefone...
E o que é, que eu deixe a vida levar. Além de mim, tudo. Para perto ou para longe, não sou eu quem vai decidir. Nunca foi.
De estar sentada no chão, às vezes temo ser menor que o que me cerca. Não devo ser, penso no próximo instante. Eu me coloquei aqui, desci até aqui por que o caminho até o céu já fazia voltas. Desci para começar de novo. E é humildade o que sinto, não impotência. E ser humilde não deixa de ser nobre e ser nobre nunca é menor que nada.
E então, num impulso, sei que tenho que me levantar por que os emails não vão parar de chegar e o telefone não vai parar de tocar e nem tudo será solução.
Mas recuso-me a desejar qualquer coisa disso tudo.
Que vier que venha. Não estou negando, mas nem oferecendo. Que quiser vir, venha.
Por enquanto estou sentada, só vou levantar quando levantar significar ficar em paz.

terça-feira, 3 de junho de 2008

1/4

Uma garrafa de água vazia, um copo vazio, um incenso apagado, um cinzeiro para quem não fuma, remédios para cabeça, para o corpo, para a alma, um isopor sem cerveja, um peso de porta em cima da mesa, uma pilha de trabalho não feito, e-mails não respondidos, compromissos não cumpridos, vontades não satisfeitas, chuva na janela, a janela lotada de outras janelas, o gorro dentro de casa, pêlo de gato por todo lado, o celular virado, a máquina fotográfica quebrada, a cama semi-arrumada, a luminária ligada, a cadeira mal usada, o pé calçado em cima da cama, a cabeça doendo...

Uma falta de forças, uma respiração profunda, umas lágrimas sem querer.

A pressa de que passe logo, que resolva logo, que acabe logo, que continue logo, que entenda logo, que explique logo, que esqueça logo, que logo chegue.

O relógio onze minutos adiantado há anos. Que me faz querer correr.

Que me faz querer correr?


Escrito em 01.Jun.2008
 
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