domingo, 23 de março de 2008

Vinte e três

Vivo a vida na inacabável pressa de ser e estar e é justamente essa pressa que vem me atrasando os passos.
Quero pisar em solo seguro, mas não cuido por onde ando. Quero dizer o que penso, mas não penso no que estou falando.
São mesmo meus poucos anos. Minha vontade de ser senhora, sendo ainda, menina. Meu medo de perder a festa, minha festa que faz eu ir perdendo a vida.
São meus poucos anos que me fazem ter pressa de viver mais do que vivi, que me fazem dizer ter aprendido mais do que, de fato, aprendi.
É por isso que nego-me nessas críticas, que dou de ombros aos que realmente viveram. É por isso que procuro meu futuro no passado de alguém, sem entender que o passado é só o que vem primeiro.
Desculpe, não pense que eu entendi. Eu não entendo, não posso entender. As minhas compreensões só chegam até vinte três, depois disso é tudo suposição, é inquietação, é encenação. Sou eu, tendo pressa de entender o que ainda não vi.
E são em dias como esse, em que o dia é apenas dia, que eu tenho um lapso de estima e entendo como seria simples viver um dia de cada vez.
Mas não pense que dura muito, no dia seguinte eu volto à minha vida, e eu volto a ter vinte e três.

"Por você, eu aceitaria a vida como ela é, viajaria a prazo pro inferno, tomaria banho gelado no inverno..." - Cazuza

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